Por mais incrível que pareça, ainda existe esse negocio de pedir a mão da
menina em casamento. Nada mais antigo e fora de moda. Afinal, se o pai da
distinta disser que não, não sei se o gajo tem cara para isso, você vai fazer o
que? Vai sair de fininho e desistir da moça, ou vai dizer para o senhorzinho que
ele que se dane, que fez aquilo apenas por formalidade, e que a opinião dele não
conta, e você não precisa de autorização para viver com a filhinha dele, uma vez
que já fazem todo tipo de sacanagem na cama sem o consentimento dele?? O que
fazer, né??
Qual a necessidade de você pedir autorização, pedir a mão, ao
pai da distinta? Você vai casar com ele? Espera-se que não, claro, mas mesmo
assim, isso é um costume entre nós, e quando você tenta passar batido pela
coisa, as próprias meninas insistem nisso, que você peça a permissão do paizão
dela.
É mais pratico o que o americano faz, eles são mais avançados
do que nós, apesar das guerras. Eles pedem diretamente à moçoila, e não ao pai,
o futuro sogro, palavra que não qualifica muito a pessoa. Sogro, quardadas as
devidas proporções, é quase a mesma coisa que sogra, um estorvo já desde o
inicio do casamento, tendo em vista que você é obrigado a pedir a mão da moça,
assunto desta nossa conversa, que eu sei que não vai agradar muito.
Na minha primeira experiência no ramo, tive que ir para a casa
da menina, falar com o pai dela. O gajo era alemão, falava quase nada. Um
tumulo, uma múmia, jamais o vi sorrir, ou quando o fez, nas raríssimas vezes,
foi com os dentes trincados, como que esbanjando ódio, ao invés de alegria.
Naquele momento eu não estava feliz. Estava muito puto de ter que falar com ele,
sobre um assunto que não lhe dizia respeito, claro, o assunto era com a filha
dele. Peguei o dito no escritório, e fui falando que queria falar com ele. Ele
nada falou, como sempre. Disse que queria casar coma filha dele, e se ele tinha
algo contra a idéia. Estávamos sozinhos, eu e ele, e logo depois destas singelas
palavras, veio minha futura sogra, a dos joanetes, e a minha lindona, as duas
vivamente emocionadas. Ele não dizia nada, e eu já estava pensando em ir embora,
procurar uma outra que já andava meio à mão.
Minha sogra, futura, sempre bem animada, logo faz um grunhido
feito um miado de gato quando leva um banho de água fervendo e pede que ele se
manifeste. O senhorinho dá mais um grunhido e diz que não, não tinha nada
contra, mas também não manifesta nada a favor. Uma decepção geral, mas foi o que
eu consegui. Eu queria sair e comemorar aquele importante momento com uma
refrega em um motel daqueles bem caros, com várias cervejas na beira de um
piscina minúscula, mas cara, mas logo minha sogra me demove da idéia. Propõe um
brinde com cinzano, ela era meio muquirana. Sou obrigado a aceitar, e
disfarçando, digo que vou sair coma filha dela para comer uma pizza. Ela,
sempre tão solicita comigo, diz que já esta colocando uma no forno, que não há
necessidade de eu gastar dinheiro. E eu querendo comer a filha dela com estilo
naquela noite, afinal íamos casar, mas ela não deixava. Eu disse que queria
tomar um uísque, e ela logo aparece com um copo cheio de gelo e uma garrafa,
dizendo : é seu, e eu querendo que a filha dissesse eu sou sua naquela agradável
noite. Não consegui sair da casa dela , mas eu estava noivo, finalmente. A
futura sogra não me deixou comemorar o momento importante da forma que eu
queria e gostava, fazendo sexo. Ficou para o dia seguinte mesmo.
Na segunda vez, a moçoila também exigiu que eu falasse com o
pai, e me recusei de forma peremptória, mas ela quase me obriga,e lá fui eu ,
de novo, falar com aquele que eu não gostava., e era mutua a antipatia que
nutrimos ate hoje. Não marquei dia certo com a amada. Ao voltar para deixá-La
em casa determinado dia, disse que ia subir e falar com o senhorzinho, insisto,
de quem não gostava. Peguei o velho de pijamão, e meio contrariado. Fui logo
falando que iria casar com a filhota dele, e esperava que ele não se
incomodasse, coisa que eu sabia que ia acontecer. Bom.. O velho deu uma
titubeada, pigarreou, e foi fazendo um discurso, como era estilo dele. Ele fazia
o gênero fanfarrão, espaçoso e falante. No final, não teve coragem de dizer a
verdade, que era contra, mas acabou concordando meio sem graça. Não esqueceu de
falar mais um pouco, finalizando aquele malfadado discurso que ele tanto gostava
de fazer. Alguns birinaites a mais, minha futura sogra rezando em agradecimento
aos variados santos e espíritos dos quais ela era devota, acendeu algumas velas
no lavabo, rezou mais um pouco, deu alguns telefonemas para parentes próximos,
contando as novidades do momento, que a filha mais velha, finalmente, havia
encontrado alguém que quisesse se casar com ela, e lá voltei eu para minha
casa..
Voltei casa chateado de ter que fazer aquilo, e de novo.
Afinal, para que ter que falar com o pai da princesa, se dificilmente eles
negam, o que não os impede de muitas vezes, com o apoio da sogra, sabotarem o
projeto? Vale ressaltar que os sogros são mais francos, diretos,s e não gostam
falam. As sogras, as senhorinhas, são mais sub-reptícias, sabotam pelas costas,
enchem a cabeça das meninas de forma subliminar. Enfim, são mais perigosas. Todo
cuidado é pouco com elas.