Inicio da década de 80, eu estava
arrasado pela minha separação. Errei na escolha, a moça, apesar de ser de família,
era alpinista social com dinheiro de herança. Vejam o que eu escolhi para
casar. Sai do casamento aos trancos e barrancos. Cai na farra. Chegava em casa,
tomava banho, jantava e saia. Eu tinha uma namorada oficial, boa moça, mas era
meio boba, e tinha duas amantes no local de trabalho, e uma não sabia da outra.
Uma façanha isso.
Certa feita, sai com uma delas,
morava na Tijuca, perto de onde eu moro hoje. Naquela ocasião jantamos no motel
mesmo, bebemos demais, e lá pelas tantas ela pede que eu escreva uma declaração
de amor para ela nas paredes do motel. Saquei minha caneta hidrográfica, eu
sempre usava uma, e escrevi um texto bacana, tudo falso, apenas pelo pedido
dela. Datei e coloquei a minha rubrica. Ela trabalhava comigo, era a minha
secretaria. Bebemos um pouco mais, transamos mais uma vez e eu fui para casa
dormir e curar a ressaca que já se aproximava. Bebia todo dia e já estava ate
pensando em fazer uma conta no motel, o tal de Hollywood.
No dia seguinte, seguindo a mesma
rotina, sai com a outra amante, com a namorada eu só saia nos finais de semana,
e alegava que precisava de descanso, pois eu ocupava um cargo na empresa, e
precisava de certo descanso para poder fazer frente às minhas atividades profissionais.
Saímos e fui para o mesmo motel.
A moça da recepção já me conhecia. Peguei a chave do quarto, estacionei o
carro, e quando vi, era o meso quarto da noite anterior, onde eu escrevi a tal declaração
de amor na parede. Gelei, eu ia ser descoberto e arcaria com as consequências. Cheguei a suar frio, mas não podia fazer
nada, já estava com o carro estacionado, e não podia recuar. Estava liquidado. Mas
não me dei por vencido.
Ao entrar no quarto, tremendo de
medo, pedi que ficássemos No escuro, queria experimentar um sexo às cegas,
falei. A moça topou. Por enquanto eu estava salvo. Nos despimos, fizemos sexo e
eu nem pedi bebidas, pois teria que acender a luz para pegar as bebidas. Fizemos um sexo meia boca, e na
hora de sair é que foi o problema. Precisava pagar a conta, e tinha que acender
a luz para pegar dinheiro na minha carteira e pagar a dolorosa. O jeito foi
acender a luz só da entrada, pegar o dinheiro e pagar a conta. Não deixei nem a
moça tomar banho, nem eu tomei. Sai rapidamente, e na saída ainda reclamei do
quarto, disse que não queria mais ficar nele. A moça da recepção deve ter
notado que eu queria falar alguma coisa, mas não perguntou nada.
Quando sai do motel, já na
estrada do Alto da Boa Vista, respirei aliviado, e depois disso não fui mais
neste motel por questões de segurança. Tinha outro do lado, Holiday, e passei a
frequentá-lo. Eram quase idênticos.
Escapei por pouco dessa. Se uma
descobre eu estava fudido. Eram duas no mesmo local de trabalho e eu ia ficar
numa situação delicada. A sala de uma era ao lado da sala da outra. Ia ter
barraco na empresa, uma gritando com a outra e as duas contra mim. Era meu fim.
Graças a Deus escapei de mais essa.
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