Eu estava noivo e ia casar em
pouco mais de um ano. As coisas não iam mal, exceto por minha sogra não ir com
a minha cara e meu sogro idem, o velho morria de ciúmes de mim, achava que era
o homem da filha, e eu estraguei o sonho dele. Mas entre nós dois, até que ia
bem.
Eu estava recém formado e já ia
me casar, tinha uma obra importante na Lagoa, Edifício Maison Du Lac, coisa
chic mesmo, ate para a época, 400 m2 de apartamento em cada andar exclusivo, e
mais três vagas de garagem para cada um. Um luxo.
Obra cara e demorada, e eis
que me aparece uma mulher na minha obra, novinha, pergunta se eu era o Carlos e
eu digo que sim, e mando entrar na minha sala. Ela se apresente, era Alice,
nova arquiteta da empresa,eu a conhecia mas nao me lembrava dela, e ia cuidar dos detalhes finais de acabamento dos
apartamentos, eram cinco, um de cada dono da empresa. Conversamos rapidamente e
no dia seguinte estava ela lá de novo para conversarmos sobre os detalhes de acabamento
dos apartamentos.
Conversamos e tal e eu me lembrei
dela, quando a vi pela primeira vez. Foi na festa de fim de ano da empresa,
aonde fui sorteado para dar um presente de amigo oculto para ela. Lembrava dela
daquela época, e desde lá ela já me chamava a atenção. Na época eu não sabia
quem era, mas não economizei, dei uma caneta tinteiro e um perfume importado,
bem acima do valor estipulado.
Alice era uma mulher bonita,
elegante e longilínea, cabelos bem tratados e escorridos, bem lisos. Nos víamos
todos os dias, e ela me ajudava bastante na obra. Conhecia o riscado. Começamos
a sair juntos para ver alguns materiais importados, papeis de parede e tais,
tudo em Ipanema. Vez por outra almoçávamos juntos. Nossa conversa corria solta,
muito solta, e nos entendíamos de ouvido. Tudo muito bom para o meu trabalho.
Daí me lembrei que eu era noivo, e alguém poderia nos ver
almoçando, e isso ia me dar problemas. Contei para a minha noiva sobre esta
minha nova relação profissional. Como esperado, ela recebeu a historia com a pulga
atrás da orelha, mas eu não liguei, estava confiante nos meus sentimentos pela
minha noiva. Estava.!!!!!!!!!!
Um belo dia, trabalhamos juntos e
saímos para almoçar, e em um ato de traquinagem, ficamos depois do almoço pela
rua conversando. Assuntos pessoais nada muito íntimos e assuntos de trabalho.
Alice morava em Botafogo, e eu a levei para casa de carro. Parei o dito, e quando
ela ia saindo do carro, deu uma parada e me olhou de uma forma, que eu paralisei,
nossos olhos se encontraram naquele momento. Não foi só um encontro de olhos,
foi um encontro de nossas almas. Ela saiu do carro, e quando eu pensava que ela
ia entrar no prédio , ela dá meia volta, e se aproxima da janela do meu carro,
dá mais uma paradinha, se abaixa e me beija na boca.
Meu estomago foi no pé e voltou
par a garganta, e eu sem fôlego, falo para ela me esperar que eu ia estacionar
o carro. Estacionei e na calçada mesmo nos abraçamos e nos beijamos longamente.
Eu adoro um bom abraço. Fui para casa dela e dormimos juntos. Uma noitada de
amor sem precedentes, que eu jamais tinha tido com a minha noiva. Nos entregamos
de corpo e alma.
Comecei a questionar meu
relacionamento com a noiva. Ela percebeu e a coisa começou a desandar. Ela
tinha razão de se incomodar com a minha mudança, mas eu segurei a situação com
galhardia. Ia levando. Amava Alice de corpo e alma, e já estava desinteressado
na minha noiva, já não era como antes, e Alice não sabia de nada, eu não usava
aliança.
Fui levando coo pude a situação.
Adorava Alice, era uma mulher e tanto, gostava do que fazia, fazia bem. Era delicada,
atenciosa, e não tinha mãe, isso conta pacas. Ninguém para me chatear. Comecei
a viver no aperto, não sabia o que fazer. Para piorar, Alice se mudou para um
apartamento em Petrópolis, e isso me tomava muito tempo, mas fui levando bem a
coisa toda. Queria ficar com Alice, mas eu namorava a minha noiva fazia uns
quatro anos, e ninguém sai assim sem mais nem menos. Não sabia mais o que fazer.
Pensei em contar tudo para Alice, para ver se ela me ajudava, estava no
desespero. Não contei, era idiotice fazer isso, ela jamais me perdoaria por ter
mentido. Não podia contar. Não sabia o que fazer com minha noiva, não a queria
mais, mas ela era o demônio que eu conhecia, e tinha medo da mudança. Mas eu
amava com toda a minha alma o demônio que eu não conhecia, Alice.
Alice acabou indo trabalhar em
outras obras da empresa, o que dificultou um ouço a situação. Usei isso para me
afastar dela. Me afastei de corpo mas minha alma estava definitivamente ligada
a dela, e isso me causou um sofrimento imenso. Acabei me separando dela, para
ficar o demônio que eu já conhecia e estava acostumado, demônio não, demônios,
pois tinha ainda a minha sogra e o mala do meu sogro, que eu chamava de Caçapa,
pois ele vivia de boca aberta.
Minha relação com a noiva se
deteriorou, ficou muito rim, e eu resolvi não me casar. Fui morar junto com
ela, mas pensava em Alice o dia todo. Ela desgostosa pelo termino da relação,
foi trabalhar em outro estado, e eu perdi contato com ela. Meu casamento não deu
certo, e dei graças a Deus de na ter tido filhos. Perdi Alice, o que eu achava
que era o demônio que eu não conhecia, e ainda perdi aquela patota de demônios que
eu conhecia, que não fizeram falta alguma.
Resumo da historia, quando tiver
que trocar de demônios, troque meso, o demônio que você não conhece, pode ser
um anjo.
Alice foi um anjo que eu mandei embora.
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